segunda-feira, setembro 18, 2006

Ricos e Pobres

Conta Cultura ou contra a cultura em troca de ceveja? Eis a questão…
Na passada sexta-feira desloquei-me, duma forma profissional, ao Museu Nacional de Arte Antiga. Dirigi-me à recepção e uma das senhoras, porque eram duas, perguntou-me:
-Vem para visitar o museu ou exposição temporária?
Ao qual eu respondi que vinha em trabalho. Palavra após palavra, não consegui falar com o Sr. por quem procurava porque estava ausente. Mas ficou-me a primeira pergunta no ouvido sobre a exposição temporária. Como o contacto estava feito restava-me algum tempo e perguntei qual era a bem dita exposição. E senhora deu-me um postal informativo e disse-me se a quisesse visitar teria de me deslocar à porta lateral do museu que fica na Rua das Janelas Verdes. Lá fui pela rua abaixo a ler o postal que tinha o título da exposição, Grandes Mestres da Pintura de Fra Angélico a Bonnard, pensando ao mesmo tempo para comigo, se calhar é a pagar, e deve ser por volta duns dois euros, pois para visitar o museu paga-se três, e a exposição deve ser menor, logo mais barata.
Assim que entrei vi logo a placa a dizer bilheteira e muita gente à espera cá fora para entrar já com bilhete pago. Pensei novamente, deve ser interessante. Cheguei-me ao balcão e perguntei se era pago e quanto custava. A senhora disse-me que era pago e que o preço do bilhete era de cinco euros. Achei logo caro para ver uma exposição, ainda por cima de um tema para o qual não tenho o menor conhecimento, pintura, e rebati com a seguinte pergunta: E aos Domingos de manhã também é paga? A mesma resposta, sim.
Para quem não sabe o nosso Ministério da Cultura dá a hipótese, aos menos endinheirados, de visitar os museus nacionais de borlix aos Domingos de manhã com entrada até às catorze horas (14:00h.). Mas neste caso concreto e porque era uma exposição temporária não se aplicava. Pensei para mim, fogo são cinco euros e eu não estou para os dar, mas mais grave foi pensar que o nosso Ministério não dá hipótese aos pobres de se instruírem. A cultura não está ao alcance de todos, mas ainda que esteja, como era este o caso, porque qualquer fim de tarde gasto os cinco euros em cerveja e caracóis, o Ministério não motiva em nada a formação cultural do seu povo português.
É uma pena chegar a esta conclusão mas é a mais pura verdade.
Saí da recepção mesmo revoltado com a cena e só apetecia partir a fuça ao primeiro que me aparecesse pela frente, isto dentro da minha cabeça, claro. Quem é que avisto a meio passeio de mim a andar na minha direcção? O Mário Soares, e pensei que bofetada que este gajo levava pelo que fez ao povo nestes 32 anos de pseudodemocracia.
Passei impávido e sereno pelo Sr. E fui à minha vida.É mau viver com esta injustiça onde os ricos têm direito a tudo e os pobres para o terem têm de pagar bem caro, neste caso a Cultura.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu pinto-te uns quadros em guaxe, e pagas-me uma mini...
E sabes que é meu, não de alguem que não conheces... Se calhar ias ver um quadro enorme branco, com uma pinta preta ao meio e toda aquela gente que se diz entendida nas artes, a olhar parvamente para uma parede branca,,, É verdade em Alverca ainda existe uma parede a dizer: APU...

Jagunço disse...

5 Euros em minis e caracois ou 5 euros em cultura?

5 Euros em prazer ou 5 euros em instrução?

Se a cultura é prazer e nos instrui dá lá os 5 Euros ao Sr. e aprende qq coisita...

PS: Podias ter dado o tabefe ao Marocas, ele mereçe