sexta-feira, abril 21, 2006

OS VAMPIROS







No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

ANIVERSÁRIO 22-04-2006






Vamos de fim de semana ao Alentejo, ver amigos e familiares.
Vamos para a festa da Aldeia beber copos e ter conversas.
Este ano levamos namoradas, numa inovação social que mete confusão a muita gente.
Abraços aos conhecidos.
Sim é dia 22.

quinta-feira, abril 20, 2006

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU AO MEU PAI

Revolucionário

Nasci a 22 de Abril de 1974, três dias antes da revolução dos cravos.
O meu pai costuma dizer que fui a prenda que o 25 de Abril lhe deu.
O meu pai foi mencionado nas listas da P.I.D.E., lia o Avante em terceira ou quarta mão, ia visitar ao meu tio à prisão, que foi um preso político, levava-lhe “sandes” envoltas em papel vegetal com as mesmas noticias do Avante transcritas, por ele, a lápis.
A minha mãe dizia-lhe: - Qualquer dia ficas lá também.
O meu pai tem dois filhos, eu e o meu irmão, nascido em 1971, mas sempre o ouvi dizer que o dia mais feliz da sua vida foi o dia 1 de Maio de 1974. O povo saiu à rua para fazer valer os seus valores no pós-revolução.
O meu pai sentiu na pele o antigo regime, a opressão de não se poder falar e as loucuras cometidas por familiares contra Salazar. Alguns deles foram presos. Estudou e formou-se homem de respeito. Em 1974 ingressa como militante activo no P.C.P.
Mas a sua formação de democracia confundiu muitas vezes os seus camaradas de luta, não percebia como é que um partido que zela pelos direitos dos trabalhadores pode ser tão cego no seguimento de uma ideologia e não ver o que é melhor , passando muitas vezes por cima do melhor para confundir o que era mau. A esses chamou-os à razão e disse-lhes que nesta forma de luta ele não alinhava, que continuar, seria curar um cancro com aspirinas, em pleno plenário na fábrica onde trabalhava. E assim foi...
As discórdias continuaram e meu pai começou a ser visto como um vermelho que cuspia veneno por não alinhar no que lhe propunham.
Numa sala cheia de comunistas vi o meu pai entrar e ficar junto à porta, enquanto Carlos Carvalhas dizia que iriam aumentar a votação para as legislativas com mais votos ficando a bancada parlamentar com mais deputados. Vi o meu pai mover-se e encostar-se novamente à ombreira da porta. Quando foi dada a oportunidade de intervenção do público o meu pai levantou o braço e eu estremeci.
Perguntou ao secretário geral do P.C.P. como é que a votação iria aumentar se desde 1974 tinham vindo a descer os índices de votação no partido, e em cada eleição perdiam deputados... Vi o meu pai rematar a pergunta com o seguinte:
- O senhor está a querer enfiar-nos um camião de areia, um autocarro da carris, ou um comboio da C.P. pelos olhos dentro?
Naquela sala cheia de comunistas os olhos voltaram-se para trás e condenaram-no, não houve pancadaria mas os ânimos exaltaram-se um pouco.
Dezoito anos passados a ver erros consecutivos na política imposta pelos que se diziam seus camaradas, desistiu da militancia do P.C.P. Curou-se da política e continuo a luta sozinho. A fábrica onde trabalhava fechou. Dos seus camaradas da altura, muitos foram para os tachos autárquicos porque no concelho ainda reinava a cor. Era corriqueiro ouvir falar na cor, e quem não fosse da cor era alvo a abater. Por esta causa muitos dos que se diziam seus amigos deixaram de lhe falar em questões políticas.
O meu pai ensinou-me então que a liberdade também se cultivava, e que respeitar a opinião dos outros era mais importante que a movimentação das massas. Primeiro o nosso pensamento depois vêm os ideais políticos. E ensinou-me a ver os outros de modo igual numa democracia viva. Que também ele admirava os seus amigos de outras cores políticas.
Há dois anos o meu irmão e eu envolvemo-nos no combate à demagogia comunista local, neste caso houve violência verbal e física, as velhas ratas que se diziam amigos do meu pai comeram-nos por modernos esquerdistas que não interessam ao partido. O tempo deu-nos razão...
O meu pai continua comunista e a sofrer, e apesar do panorama politico-partidário vergonhoso a nível nacional pediu-me que votasse Jerónimo de Sousa para as Legislativas. O meu irmão no seu silêncio continua comunista.

Sou comunista por hereditariedade, mas acima de tudo sou Homem e Revolucionário.

Dedicado ao homem mais importante da minha vida, MEU PAI.

quinta-feira, abril 13, 2006

UM SANTO FASHION


Para os católicos deste país chamado Portugal.

Caros devotos, sabemos de antemão que ser político neste pedaço de terra no cú da Europa, não é fácil.
Atendendo a este facto os nossos queridos governantes fundiram-se numa outra faceta que para os seus fiéis seguidores se tornou hábito amá-los até que venham outros.
São José Socrates é o ultimo dos fenómenos cristãos e ultimo grito como santo milagreiro deste Portugal no seu melhor.
Este apóstolo da palavra já fez tanto bem ao povo com o seu discurso, que por agradecimento aos que o seguem introduziu no nosso calendário mais um dia de feriado, A QUINTA-FEIRA SANTA.
É pena é que seja só para alguns...
Neste caso o Vaticano já se manifestou e colocou em causa a veracidade dos actos consumados, visto não ser uma profecia abrangente, e que só dá frutos nas capelinhas e Sés da função pública.
A todos boa Páscoa, com ou sem Quinta-Feira Santa.

AMIGOS


Hoje li uma coisa num blog conhecido, que me fez pensar.

“Os amigos são família que nos é permitido escolher.”
In: www.circo-voador.blogspot.com

Aprendi uma coisa desde muito novo, a respeitar o próximo e a lutar pelos amigos quando têm razão, e quando a não têm, também devemos dizer-lhes na cara. Somos amigos para dar a mão e para nos abraçarmos, mas também o somos quando é preciso dar dois murros na mesa para os colocarmos no caminho certo. Certo?
Por escolha tenho muitos primos direitos, outros tantos afastados e os mais importantes de todos, dois irmãos.

terça-feira, abril 11, 2006

AS FLORES DE HARRISON





“Neste mundo, para mim, existem dois tipos de pessoas.
As que viram e viveram uma guerra de perto, e as que não.”

Este filme de produção francesa retracta a história de um repórter fotografo, Harrison Lloyd, da revista Newsweek que é enviado para cobrir a o inicio da guerra mais sangrenta que deflagrou na Europa após o holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Harrison aceita o desafio e passa os últimos momentos antes de partir junto da mulher, dos filhos e do seu hobby favorito, as flores. Afirma ainda que quer parar e que esta seria a sua última missão como jornalista e prometeu à mulher voltar a tempo do aniversário do filho.
É dado como desaparecido no norte da Croácia e passado pouco tempo, como morto.
A sua mulher, Sarah Lloyd recusa-se a aceitar o facto e a curvar-se diante do destino e em Novembro de 1991, levanta voo de Nova Iorque com destino à já denominada ex-Jugoslávia, em busca do paradeiro do marido, após ter visto na televisão um vulto com o casaco do marido.
Pode a paixão de uma mulher resistir à loucura do seu marido?
Como informação anexa-se que, nesta Guerra morreram 48 repórteres fotográficos.

sexta-feira, abril 07, 2006

ANEDOTA DE FIM DE SEMANA

Os mais de 700 mil funcionários públicos vão ter tolerância de ponto na próxima quinta-feira, dia 13 de Abril, por ser véspera de sexta-feira Santa.
Veja-se bem, por ser véspera de sexta-feira Santa, que bom que este dia é à sexta porque se fosse à quarta a expressão seria, por ser véspera de quarta-feira Santa. Esta malta cada vez está pior.

Esta decisão do Governo comunicada através de despacho da Presidência do Concelho de Ministros, vai permitir à Função Pública dispor de umas mini-férias de quatro dias na Páscoa.
Estes rapazes da função pública que há já muito só “trabalham” 35 horas semanais, têm 25 de dias de férias e ainda mais uns quantos patrocinados pelo Governo.

Segundo o Governo, a tolerância de ponto justifica-se «considerando a tradição existente na época da Páscoa.»
A tradição... A tradição... A tradição só conta para os mesmos.
E andam o resto dos camelos a trabalhar para pagar a esta gente toda.
Desculpem-me mas...
Foda-se que é demais.

O POVO É SERENO... e CEGO


Ensaio sobre a cegueira

Dizia-me um primo meu, comunista por sinal, que esta era mais uma governação de mentira, que o país está mal, mas que ainda deveria ficar pior.
O povo é cego. Trinta e um anos volvidos na democracia e continuamos cada vez pior.
Ao deslocar-me hoje para o emprego ouvi, no rádio do carro, o seguinte nas noticias:
- Se os portugueses fossem a votos hoje, dia 7 de Abril de 2006, o P.S. ganharia com 42% dos votos.Fiquei boquiaberto. Então este verme com cara de tótó mentiu ao povo em tanta coisa, uma das quais o aumento dos impostos e o povo ainda lhe dá crédito. Muito mal estamos em relações políticas.
Em Portugal ser-se mentiroso compensa.

quinta-feira, abril 06, 2006

CÃES DANADOS...



BOBY BUSCA, BUSCA...
Estas indomáveis feras valeram ontem ao Club Catalão a passagem às meias finais da Liga dos Campeões.
Os cães do Ronaldinho perseguiram as canelas Benfiquistas até ao fim.
Na perseguição do esférico estes canídeos de raça pura fizeram valer a sua mestria na arte de bem farejar a sorte.
O Benfica foi inferior à imposição do Barça e os erros pagam-se caros.

Resultado final Barcelona 2 - Benfica 0

quarta-feira, abril 05, 2006

URGENCIAS







Tudo aquilo que algum idiota diz que é urgente
É algo que algum imbecil não fez em tempo útil
E querem que você, o otário, se desenrasque
Para fazer em tempo recorde.

Sem Título







Levar a vida por um fio
E escapar por um trio
Eu, Tu e o fio
Numa representação qualquer
Ou numa realidade mais colorida
Neste dia de ausência corporal
De Técnica de improviso
No palco da rua de luz ténue
A uma hora fora de dia
Mergulhados numa peça
De guarda roupa próprio
Casualmente despido
Para o momento do reencontro
Onde os dois actores de olhos
Pregados nos olhos, sorriem
De alma aliviada suspiram
No fim de mais uma noite:
- Olá, como estás...

segunda-feira, abril 03, 2006

O BEIJO







Olhei-te na tua miragem
Sob a tua linha trémula do horizonte
Ventos fortes se levantaram
E rodopiaram dentro de ti
Soprando com violência
Levantando todas as areias
Que no fundo do teu mar
Repousavam no silêncio.

E senti, e tremi.
Lutei contra o sopro forte
Ás voltas dentro de mim
Lutando nas minhas forças
Quebrando o murmúrio
Na rocha imóvel
Deste grito mudo.

Na minha, a tua mão.
Porque nesta corrente
Faço sempre
Parte da tua maré.

PARA TI... HOJE








O Meu Amor Existe

O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe.

Letra: Jorge Palma